quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Evento social

Ontem foi dia de evento social.

Social ou anti-social?


De vez em quando gosto de assistir a uma boa feira das vaidades.

Porventura serei incluído nela. Não faz mal. 


Para perceber, tenho que participar.


Vim porque quero ouvir.

No meio desta burguesia pedante, existem algumas personagens que me suscitam curiosidade, e por isso não quero perder a oportunidade de ouvir de viva voz a opinião dos poucos grandes gestores portugueses com muito para me ensinar.


Não vim para sociabilizar.

Hoje vim para observar.


Má educação, diriam alguns.

Não creio.


Sou convidado para esta festa.

E embora duvide que consiga fazer parte dela, tenho também a noção que não sou o único.


Daí se chamar uma feira de vaidades.

Uma vaidade repleta de falsas expectativas, de uma sociabilização projectada em função do achamos que os outros procuram.

Deste tipo de sociabilização dispenso. 


Mas não será que também neste meio, não teremos os mesmos anseios e as mesmas dúvidas? 


Alguém espoletou uma conversa, 

e despidas as máscaras, 

constato que sim.




quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Alinhamento

O encontro com a espiritualidade, quando tardio, toma muitas vezes a forma de Maremoto.
Em formato arremesso, somos projectados para uma outra forma de viver, 
porventura mais completa,
Mais Inteira.
É como se de repente descobríssemos a pólvora e tudo o resto passa para segundo plano.

Não tem que ser assim.
A espiritualidade não é algo que quebra, mas sim que cola.

Ao questionar as doutrinas actuais, como Pais temos a responsabilidade de estimular um pensamento aberto nos nossos filhos, desde o princípio, para aprenderem a trilhar o seu caminho de Ser Humano pleno de potencial, em que a espiritualidade é apenas um de 4 espelhos.

De que vale um Atleta sem nada para contar, 
Um Filósofo sem projectos para mostrar, 
Um Pai sem filhos para ensinar,
ou um Sacerdote sem pernas para andar?

Não se trabalha o físico até aos 16, o Mental até aos 26 e Emocional até aos 36,
para depois algures entre os 36-40 começar novo ciclo, numa procura incessante de um quarto elemento até então desconhecido. Um Elemento, que muitas vezes só começa a gritar lá para os 66, quando o corpo físico começa a avisar que é preciso algo mais, para preparar a viagem.

Não é assim.
Não tem que ser assim.

O Ser Humano necessita de tutano, de consistência e de coerência, entre estes 4 pontos cardeais.
O Ser Humano necessita de alinhamento constante, ao longo de toda a sua vida.

O Ser Humano necessita de trabalhar a soma das suas partes.








Palcos

No centro, o Palco.
À volta, uma paz que se respira.

Há um sentimento de tranquilidade ansiada e partilhada pela audiência,
Ninguém quer mais nem menos,
Apenas estar.

A ouvir o canto do silêncio, 
A ausência de palmas.
O ruído branco dos pensamentos.

Apenas para usufruir o espectáculo do Agora.

Uma pena desce lentamente em direcção ao Palco, para ali pousar suavemente, como que afirmando que o espectáculo vai começar.

@Gulbenkian, num belo dia de sol.


Encontro de desconhecidos

Marquei na minha agenda um encontro com antigos colegas da primária.

Fico contente pela oportunidade proporcionada, porque muitos deles não vejo há 30 anos.


Sinto como se sempre estivessem presentes.

Há uma memória que nos une.

Feita de boas e más recordações.


Hesito e penso  - 30 anos.

O que é que pode acontecer em 30 anos?


Uma rápida pesquisa na net diz-me que em Portugal há 80 reclusos a cumprir a pena máxima de 25 anos.

Há vidas nascidas e terminadas em menos de 25 anos.

20 anos são suficientes para um Mundo de possibilidades. De sucessos e insucessos, de virtudes e vícios.

E a Malala Yousafzai tem apenas 17.

Não são 17 neste caso, são 30.


Algures no percurso das nossas vidas, vivemos juntos.

Não tenho dúvidas - somos todos diferentes.


Amadurecidos de experiências,

Cheias e Vazias,

Que ajudaram-nos a ficar Adultos, Maiores.


E neste caso, Desconhecidos.


Vai ser bom reviver,

Vai ser bom acima de tudo actualizar as versões empoeiradas que vivem na minha memória, de cada um destes meus amigos e amigas com quem vivi uma parte importante da vida.


Actualizar estas versões que vivem até hoje intactas, 

envoltas num imaginário de experiências semi-esquecidas, 

Crescidas sobre preconceitos e agregados de notícias soltas 

e que navegam hoje soltas, por entre as camadas que compõem aquilo que eu sou.



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Máquina do tempo

E se um dia te dissessem que existe mesmo uma máquina do tempo?
Uma máquina capaz de garantir a não intrusão no momento não presente por parte do viajante.
Uma máquina que oferece ao passageiro a virtude do esquecimento, e liberta-o de paradoxos.
Que transforma o seu corpo num mero utensílio, efémero, terreno.

O que dirias? 
Gostarias de, ainda assim, espreitar outros Momentos?

E se no final descobrisses que a essa máquina foi dado o nome de  "Reencarnação"?
E ao mesmo tempo percebesses que ao inventor desta máquina tivéssemos atribuído, nós os viajantes, com o passar do tempo, o nome "Deus"?

Será que assim tudo isto passaria a a fazer sentido?
Será que tornava tudo isto mais fácil?
Ou será que não? 



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Receita de ouro

Para fazeres muito dinheiro precisas de perseguir apenas dois grandes objectivos.
Tornar o gratuito em pago e converter o opcional em essencial.

A História diz que o Medo costuma funcionar muito bem no cumprimento destes 2 objectivos.
A História também diz que o dinheiro não traz felicidade.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Silêncio

Procurar por silêncio num aeroporto é como procurar uma agulha no palheiro.

Há "prayer rooms" e salas de fumo.
O silêncio, vendido em troca de saúde física ou espiritual.

Há que procurá-lo no único sítio onde está ainda intacto.
Dentro de ti.


Lost and found

"Loss of Yourself"


Dizia-me no outro dia uma recém-amiga que quando teve um acidente de carro foi como uma experiência de "Loss of Yourself"

"Loss of Yourself".


Perda de si mesmo.

Ausência.

Arrancar um pedaço.


Diria que temos na nossa vida muitos acidentes de carro.

Momentos em que nos perdemos de nós próprios.

Alturas em que nos esquecemos do que é ser "Ser".

O "Loss of Yourself" é a falta de raíz.

É o medo de morrer,

É a sensação de que há ainda trabalho a fazer.


Quando as pancadas são fortes, por vezes viramo-nos para o "Ser Maior" na esperança de encontrar sentido.

Como se o sentido fosse algo que estivesse fora, fosse externo, estranho e desconhecido.


O sentido está dentro.

É a agulha dentro da bússola.


O contacto com o "Ser Maior" equilibra - diz-nos o que fazer.


"Find Yourself!"


Encontra-te e verás que não há pancada que te magoe.

Não há fronteira que não possa ser relativa.


Depende sempre da perspectiva que lhe deres.

Se a fronteira que se colocar à tua frente for demasiado alta, cria asas e voa.